Quem me conhece sabe que eu estou sempre a dizer mal de tudo (ou quase tudo). Não é por mal mas como bom português isso faz parte.
No entanto verdade é muito simples, eu tentei o Doutoramento pela Fundação da Ciência e Tecnologia e mandaram-me passear. Tentei pela Universidade de Nottingham e aceitaram-me.
Portanto, para não ser ingrato, aqui ficam algumas das vantagens de trabalhar na Universidade de Nottingham...
Logo à chegada tinha uma secretária, prateleiras, um computador e uma impressora digital à disposição. Deram-me todo o material de escritório que eu precisava e, para terminar, certificaram-se que estava bem instalado. O meu colega Alistair, que chegou cá no mesmo dia que eu, achou o computador que lhe deram bastante lento, reclamou, duas semanas depois tinha um mais rápido!
Quanto à experiência que estou a preparar, é muito simples, preciso de 310 tubos de PVC, 150 com 15 x 100 cm; 150 com 15 x 120 cm, 10 com 20 x 120 cm e 11 toneladas de solo, peço ao técnico e ele arranja-os. Não sei se os rouba, se os compra, e a verdade é que não quero nem tenho de saber. É assim que as coisas funcionam por aqui, cada um tem o seu papel, eu não mexo em dinheiro, nem em papeladas de projectos, aqui pagam-me única e exclusivamente para pensar e fazer ciência. Dão-me tempo para ler artigos e delinear o projecto, o resto alguém há-de tratar.
A precisão e metodologia destes tipos é impressionante, chegando ao ponto de termos uma reunião marcada com um estatístico para nos aconselhar como devemos distribuir as plantas na estufa!
Os objectivos do projecto são muito bem definidos - queremos optimizar o crescimento radicular para aperfeiçoar a eficiência de tomada de água e azoto, em trigo e cevada, duas culturas extremamente importantes para os países da bacia do mediterrâneo. É isto que queremos e é para isso que vamos trabalhar, não há cá floreados nem experiências à toa.
Para tornar a experiência de estudar na universidade de Nottingham ainda mais interessante, eles têm aqui uma série de cursos que podemos fazer sem pagar um tostão. Estes cursos podem ir de uma tarde a um semestre e são cursos essencialmente práticos, que pretendem dar ferramentas aos estudantes de investigação (seja de que área for). Por enquanto apenas fiz o curso de como fazer um póster, foi uma bela seca, mas já tenho agendado os cursos de: EndNote (é uma aplicação de organização de referências bibliográficas), SPSS (estatística), planeamento de experiências, html, xml e espero para o ano fazer o curso de Programação. Alguns dos cursos, como o do EndNote e o do SPSS, não são assim tão úteis, uma vez que já uso essas aplicações há alguns anos, no entanto vão me permitir ter um certificado a dizer que o sei fazer realmente.
Por isso quero desde já agradecer ao meus supervisores,
Dr John Foulkes e
Dr Sayed Azam-Ali, por me terem oferecido esta oportunidade, e à
Universidade de Nottingham por estar a investir em mim (ao contrário das instituições portuguesas).