Jordânia - II
Cheguei no Sábado, já tarde (22h) e com trabalho para fazer, acabei por me deitar às 4h30min, mas a apresentação ficou pronta. No domingo às 7h30min acordei para ir para o encontro, depois do almoço fiz a minha apresentação. Correu muito bem, foi provavelmente a melhor que fiz até à data. Na quarta-feira tive outra apresentação que correu tão bem como a anterior.
Com este assunto arrumado vamos ao que interessa, o que achei da Jordânia e dos Jordanos. Os Jordanos são simpáticos, por vezes servis demais. A comida é boa, mas como devem imaginar (ou saber) demasiado condimentada, e ao fim da segunda refeição já estamos fartos do sabor...
A Universidade está impressionantemente cheia de estudantes, regra geral têm bom aspecto. Os rapazes vestem-se à Ocidental, já as raparigas vai de um extremo ao outro. Provavelmente, 70% andam de lenço na cabeça, destas 5% andam também de face tapada e com o tradicional "vestido" até aos pés de mangas compridas, 60% andam de cara destapada mas com o vestido igual ao das anteriores e os 35% que faltam usam trajes ocidentais. Os 30% de mulheres de cabelos ao vento vestem-se como nós. Todas elas pintam-se tanto como as espanholas, sendo a mini-saia a única coisa que não se vê por aqui. Todos estes grupos andam completamente misturados...
Amã é uma cidade recente, só em 1912 Emir Abdullah tornou-a capital da Jordânia, antes disso era uma pequena vila agrícola. É uma cidade feita de colinas e divide-se basicamente em duas zonas a cidade baixa e cidade alta. A primeira é a zona mais antiga, visivelmente mais pobre, mas também mais "tradicional", aqui vivem maioritariamente jordanos da classe baixa e imigrantes, principalmente da Palestina. No ponto mais alto da cidade baixa encontram-se as ruínas da cidadela Romana, no mais baixo o banho público o Fórum e Anfiteatro Romanos, e ainda a mesquita mais antiga de Amã.
É nesta zona que se encontra aquela que é para mim a parte mais interessante da cidade - o Souk. O Souk ou mercado, é uma área enorme de ruas e ruelas de prédios baixos cheias de lojas de: roupa, móveis, ferramentas, telemóveis, armas, comida, chá, especiarias, restaurantes, instrumentos musicais, tralha, etc.. As ruas estão cheias de gente mesmo aos dias de semana, e pelo que eu vi ficam assim pelo menos até às 23h, com 50% das lojas abertas e, provavelmente, com "metade dos" 1 378 000 de habitantes na rua.
A zona mais nova da cidade – a cidade alta, é onde vivem os jordanos da classe alta e muitos imigrantes ("refugiados") ricos iraquianos. A maioria dos prédios e casas que aqui se encontram não terão mais de 10 - 20 anos, têm bom aspecto e aparentam ter óptimas condições, completamente o oposto da cidade baixa. Também aqui se vêm centros comerciais, lojas, restaurantes e bares abertos até às tantas, no entanto de qualidade e preços bastante superiores.
Amã é uma cidade que não pára, por todo o lado há pessoas, a trabalhar, às compras, a passear ou simplesmente sentados a conversar. O transito, caótico, de certo os jordanos não são os melhores condutores do mundo.
Na terça-feira tive o jantar do encontro, foi no restaurante Kan Zaman (Há muito tempo atrás). Este fica fora da cidade, é bonito, "chique", tem música ao vivo e boa a comida. Quando saímos do restaurante (por volta das 23h), tive a oportunidade assistir a um costume cada vez mais típico dos Jordanos que vivem em Amã. Fartos do calor e do stress de uma cidade tão movimentada, grupos de pessoas deslocam-se para fora da cidade, estacionam os carros na berma da via rápida e vão para as matas junto à mesma, fazer pic-nics, fumar cachimbo e/ ou conversar. O mais interessante é que toda esta dinâmica acontece a qualquer dia da semana!
Na quarta-feira foi o dia social do encontro, fomos até Petra, fica a Sul, a cerca de 3 horas de Amã. O interior da Jordânia
é principalmente deserto, de vez em quando vêem-se pequenas aldeias bastante pobres, um camelo aqui outro ali, na maioria eles de turbante na cabeça, elas de cabelo escondido, ambos de vestido até aos pés.
O que há a dizer de Petra... Magnífico!!!!!! Viram o Idiana Jones e a Última Cruzada? Lembram-se quando ele entra no templo para ir buscar o cálice sagrado? Pois isso, é Petra! A cidade foi descoberta em 1812, por Johann Ludwig Burckhardt (um explorador Suíço). Construída num vale rochoso, era uma cidade onde viviam cerca de 5 milhões de pessoas. Os primeiros vestígios datam de 1000 a.C. e enriqueceu principalmente por ser um ponto de contacto entre a Mesopotâmia e o Egipto. A arquitectura dos templos serão de influencia grega e romana. Em 500 d.C. houve um terramoto e a cidade foi abandonada. Petra tem título de Património Mundial pela UNESCO, e é referenciada no velho testamento como o local onde Moisés, durante a êxodo dos Israelitas do Egipto, ao bater na rocha criou uma fonte - A fonte de Moisés (Ain Musa). A cidade é longa portanto, para quem precisar há burros e carroças que os beduínos alugam, o preço 5 dinares jordanos. Toda a cidade é magnífica mas aconselho a todos a subir ao Mosteiro, fica no cimo das rochas, a 20 minutos (40 minutos se forem nas calmas) e 850 degraus da base do vale, com o calor desta altura do ano vale a pena levar um chapéu humedecido e 1.5 l de água, se tiver a custar não se apressem (um colega espanhol teve problemas com o calor e teve de ficar cerca de uma hora deitado, tendo sido depois levado para baixo de burro, não se preocupem ele está bem). O mosteiro é interessante, mas há um templo no vale bastante semelhante e não custa nada a lá chegar, o que é de facto deslumbrante no cimo das rochas é a vista, num bom dia consegue-se ver até à Palestina.
No último dia fui com um dos meus orientadores (John) ao templo Romano (onde há cerca de três semanas um turista Inglês foi assassinado), depois disso decidimos ir ao rio Jordão e ver o sítio onde Jesus foi supostamente baptizado.
Durante o caminho passámos pelo o monte Nebo, local onde Moisés terá subido aos céus. Quanto ao sítio onde Cristo terá sido supostamente baptizado, existem dois locais possíveis, um do lado da Jordânia, que é o que actualmente parece apresentar maiores evidências para isso, e outro, a uma distancia de cerca de 100 metros do lado da Palestina (actualmente tomado por Israel - como poderão ver pela bandeira), qualquer dos dois sítios é visível do lado da Jordânia, uma vez que o rio não tem mais de 2 metros de largura. Nesta área enorme é ainda possível ver o local onde o profeta Elias subiu aos céus numa carroça de fogo. A zona é completamente isolada, os únicos edifícios são as casas de banho do lado de Israel e uma Igreja que foi recentemente edificada do lado da Jordânia.
Daqui fomos ao mar morto, o sítio mais baixo da terra, 390m abaixo do nível médio das águas do mar. Como verão pelas fotos é um lugar inesquecível, do outro lado vê-se Jericó e ao fundo as torres de Jerusálem. Quanto à água ela é quente e o fundo é enlameado, a lama é usada para fazer os mais variados produtos de beleza (caros como tudo), a malta da terra leva-a em sacos para casa. Ao entrarmos na água sente-se imediatamente a densidade da mesma, quando a água está pelo peito deixa de ser possível tocar no chão, não é por isso preciso estar deitado para flutuar, e é impossível mergulhar, a sensação é agradável mas nem por isso espetacular. Provar a água é incrivelmente salgado, e veja-se antes de entrar na água eu comi batas fritas, difícil é evitar que a água nos venha para os olhos e quando isso acontece é uma dor que não lembra ao menino Jesus. As mulheres tomam banho completamente vestidas e quase todas com lenço na cabeça.
É estranho o que sente nestas terras, onde tanta coisa se passou (e passa), mesmo para mim que acredito piamente que o Senhor não existe. Tudo é tão perto, Jericó ali, Jerusalém acolá, Jesus passou aqui, Moisés e Maomé também, e muitos outros, São João aqui batizava as gentes, o meu homónimo de certo bebeu água do Jordão... e guerras muitas guerras por um pedaço de de areia onde quase nada cresce, e onde a um ribeiro dão o nome de rio.
Em conclusão, por tudo isto o encontro valeu a pena, no entanto, gostava de ver tudo isto de novo ao lado da patroa, porque com ela tudo tem mais piada.
PS - Com os problemas do Líbano, as ameaças em Londres e por fim o assassinato na Jordânia, o turismo nesta zona levou uma quebra brutal, foram raros os turistas que vi. Grupos grandes só um junto ao local do baptismo, o mar morto estava com alguns locais mas nada de turistas(!), o teatro Romano estava completamente vazio!
Com este assunto arrumado vamos ao que interessa, o que achei da Jordânia e dos Jordanos. Os Jordanos são simpáticos, por vezes servis demais. A comida é boa, mas como devem imaginar (ou saber) demasiado condimentada, e ao fim da segunda refeição já estamos fartos do sabor...
A Universidade está impressionantemente cheia de estudantes, regra geral têm bom aspecto. Os rapazes vestem-se à Ocidental, já as raparigas vai de um extremo ao outro. Provavelmente, 70% andam de lenço na cabeça, destas 5% andam também de face tapada e com o tradicional "vestido" até aos pés de mangas compridas, 60% andam de cara destapada mas com o vestido igual ao das anteriores e os 35% que faltam usam trajes ocidentais. Os 30% de mulheres de cabelos ao vento vestem-se como nós. Todas elas pintam-se tanto como as espanholas, sendo a mini-saia a única coisa que não se vê por aqui. Todos estes grupos andam completamente misturados...
Amã é uma cidade recente, só em 1912 Emir Abdullah tornou-a capital da Jordânia, antes disso era uma pequena vila agrícola. É uma cidade feita de colinas e divide-se basicamente em duas zonas a cidade baixa e cidade alta. A primeira é a zona mais antiga, visivelmente mais pobre, mas também mais "tradicional", aqui vivem maioritariamente jordanos da classe baixa e imigrantes, principalmente da Palestina. No ponto mais alto da cidade baixa encontram-se as ruínas da cidadela Romana, no mais baixo o banho público o Fórum e Anfiteatro Romanos, e ainda a mesquita mais antiga de Amã.
É nesta zona que se encontra aquela que é para mim a parte mais interessante da cidade - o Souk. O Souk ou mercado, é uma área enorme de ruas e ruelas de prédios baixos cheias de lojas de: roupa, móveis, ferramentas, telemóveis, armas, comida, chá, especiarias, restaurantes, instrumentos musicais, tralha, etc.. As ruas estão cheias de gente mesmo aos dias de semana, e pelo que eu vi ficam assim pelo menos até às 23h, com 50% das lojas abertas e, provavelmente, com "metade dos" 1 378 000 de habitantes na rua.
A zona mais nova da cidade – a cidade alta, é onde vivem os jordanos da classe alta e muitos imigrantes ("refugiados") ricos iraquianos. A maioria dos prédios e casas que aqui se encontram não terão mais de 10 - 20 anos, têm bom aspecto e aparentam ter óptimas condições, completamente o oposto da cidade baixa. Também aqui se vêm centros comerciais, lojas, restaurantes e bares abertos até às tantas, no entanto de qualidade e preços bastante superiores.
Amã é uma cidade que não pára, por todo o lado há pessoas, a trabalhar, às compras, a passear ou simplesmente sentados a conversar. O transito, caótico, de certo os jordanos não são os melhores condutores do mundo.
Na terça-feira tive o jantar do encontro, foi no restaurante Kan Zaman (Há muito tempo atrás). Este fica fora da cidade, é bonito, "chique", tem música ao vivo e boa a comida. Quando saímos do restaurante (por volta das 23h), tive a oportunidade assistir a um costume cada vez mais típico dos Jordanos que vivem em Amã. Fartos do calor e do stress de uma cidade tão movimentada, grupos de pessoas deslocam-se para fora da cidade, estacionam os carros na berma da via rápida e vão para as matas junto à mesma, fazer pic-nics, fumar cachimbo e/ ou conversar. O mais interessante é que toda esta dinâmica acontece a qualquer dia da semana!
Na quarta-feira foi o dia social do encontro, fomos até Petra, fica a Sul, a cerca de 3 horas de Amã. O interior da Jordânia
é principalmente deserto, de vez em quando vêem-se pequenas aldeias bastante pobres, um camelo aqui outro ali, na maioria eles de turbante na cabeça, elas de cabelo escondido, ambos de vestido até aos pés.
O que há a dizer de Petra... Magnífico!!!!!! Viram o Idiana Jones e a Última Cruzada? Lembram-se quando ele entra no templo para ir buscar o cálice sagrado? Pois isso, é Petra! A cidade foi descoberta em 1812, por Johann Ludwig Burckhardt (um explorador Suíço). Construída num vale rochoso, era uma cidade onde viviam cerca de 5 milhões de pessoas. Os primeiros vestígios datam de 1000 a.C. e enriqueceu principalmente por ser um ponto de contacto entre a Mesopotâmia e o Egipto. A arquitectura dos templos serão de influencia grega e romana. Em 500 d.C. houve um terramoto e a cidade foi abandonada. Petra tem título de Património Mundial pela UNESCO, e é referenciada no velho testamento como o local onde Moisés, durante a êxodo dos Israelitas do Egipto, ao bater na rocha criou uma fonte - A fonte de Moisés (Ain Musa). A cidade é longa portanto, para quem precisar há burros e carroças que os beduínos alugam, o preço 5 dinares jordanos. Toda a cidade é magnífica mas aconselho a todos a subir ao Mosteiro, fica no cimo das rochas, a 20 minutos (40 minutos se forem nas calmas) e 850 degraus da base do vale, com o calor desta altura do ano vale a pena levar um chapéu humedecido e 1.5 l de água, se tiver a custar não se apressem (um colega espanhol teve problemas com o calor e teve de ficar cerca de uma hora deitado, tendo sido depois levado para baixo de burro, não se preocupem ele está bem). O mosteiro é interessante, mas há um templo no vale bastante semelhante e não custa nada a lá chegar, o que é de facto deslumbrante no cimo das rochas é a vista, num bom dia consegue-se ver até à Palestina.
No último dia fui com um dos meus orientadores (John) ao templo Romano (onde há cerca de três semanas um turista Inglês foi assassinado), depois disso decidimos ir ao rio Jordão e ver o sítio onde Jesus foi supostamente baptizado.
Durante o caminho passámos pelo o monte Nebo, local onde Moisés terá subido aos céus. Quanto ao sítio onde Cristo terá sido supostamente baptizado, existem dois locais possíveis, um do lado da Jordânia, que é o que actualmente parece apresentar maiores evidências para isso, e outro, a uma distancia de cerca de 100 metros do lado da Palestina (actualmente tomado por Israel - como poderão ver pela bandeira), qualquer dos dois sítios é visível do lado da Jordânia, uma vez que o rio não tem mais de 2 metros de largura. Nesta área enorme é ainda possível ver o local onde o profeta Elias subiu aos céus numa carroça de fogo. A zona é completamente isolada, os únicos edifícios são as casas de banho do lado de Israel e uma Igreja que foi recentemente edificada do lado da Jordânia.
Daqui fomos ao mar morto, o sítio mais baixo da terra, 390m abaixo do nível médio das águas do mar. Como verão pelas fotos é um lugar inesquecível, do outro lado vê-se Jericó e ao fundo as torres de Jerusálem. Quanto à água ela é quente e o fundo é enlameado, a lama é usada para fazer os mais variados produtos de beleza (caros como tudo), a malta da terra leva-a em sacos para casa. Ao entrarmos na água sente-se imediatamente a densidade da mesma, quando a água está pelo peito deixa de ser possível tocar no chão, não é por isso preciso estar deitado para flutuar, e é impossível mergulhar, a sensação é agradável mas nem por isso espetacular. Provar a água é incrivelmente salgado, e veja-se antes de entrar na água eu comi batas fritas, difícil é evitar que a água nos venha para os olhos e quando isso acontece é uma dor que não lembra ao menino Jesus. As mulheres tomam banho completamente vestidas e quase todas com lenço na cabeça.
É estranho o que sente nestas terras, onde tanta coisa se passou (e passa), mesmo para mim que acredito piamente que o Senhor não existe. Tudo é tão perto, Jericó ali, Jerusalém acolá, Jesus passou aqui, Moisés e Maomé também, e muitos outros, São João aqui batizava as gentes, o meu homónimo de certo bebeu água do Jordão... e guerras muitas guerras por um pedaço de de areia onde quase nada cresce, e onde a um ribeiro dão o nome de rio.
Em conclusão, por tudo isto o encontro valeu a pena, no entanto, gostava de ver tudo isto de novo ao lado da patroa, porque com ela tudo tem mais piada.
PS - Com os problemas do Líbano, as ameaças em Londres e por fim o assassinato na Jordânia, o turismo nesta zona levou uma quebra brutal, foram raros os turistas que vi. Grupos grandes só um junto ao local do baptismo, o mar morto estava com alguns locais mas nada de turistas(!), o teatro Romano estava completamente vazio!