Um já foi... Já só faltam dois!

No dia 8 de Outubro, soubemos que no inicio de Novembro iríamos viver para Sutton Bonington! Em menos de um mês tivemos de desorganizar e reorganizar a nossa vida, despedir-nos dos empregos, alterar as moradas dos documentos, fazer mudanças, comprar viagens, procurar casa para viver, etc. e etc.. No fim conseguiu-se fazer tudo (mas não se consegue sempre?), e precisamente no dia 3 de Novembro de 2005 chegámos a SB. A casa, bem maior do que estávamos à espera, o tempo, com mais Sol do que o esperado, sim, principalmente entre Outubro e Novembro faz imenso Sol por estas bandas, obviamente, também faz um frio dos diabos (estão 4ºC). A mudança rápida causou um choque tremendo, não estava (estávamos) à espera que fosse assim tão difícil deixar Portugal! As saudades da família, dos amigos, das pessoas em geral, dos cafés (ou melhor do CAFÉ), da paisagem. Não, para mim não há como Portugal (dêem-me o Mundo, que eu escolho Lisboa e Sintra).

A Inglaterra que viemos descobrir, não era bem a que estávamos à espera. Eu nunca aqui tinha estado, já a Margarida conhecia Londres relativamente bem. Se há uma grande diferença entre Lisboa e Porto para as cidades pequenas do interior Português, as diferenças entre Londres e o resto é descomunal. Para começar não há uma segunda cidade grande, a seguir à Capital, com 7 172 091 de habitantes, vem Birmingham, com 970 892. Se esperávamos encontrar um cenário tipo "Notting Hill", encontrámos algo tipo "Billy Elliot", ou melhor "The Royle Family". A Inglaterra é dos países da Europa com maior diferença entre ricos e pobres, além disso tem também a maior taxa de obesidade e percentagem de mães adolescentes. Para piorar bebem demais, ao fim-de-semana os "Pubs" enchem logo de manhã. Sair à noite em Nottingham e Loghborough (as cidades mais perto daqui) mete medo, há uma quantidade enorme de maus bêbados sempre dispostos a uma zaragata, além disso faz imensa confusão ver uma imensidão de pré-adolescentes e adolescentes, completamente a cair para ao lado! Se por um lado o valor dos salários (principalmente para os empregos não qualificados) são muito superiores aos portugueses, a qualidade familiar é muito pior, se em Portugal enfrentamos o problema dos miúdos passarem muito tempo em casa a jogar computador, o problema aqui é a delinquência juvenil (também uma das maiores da Europa), partir-por-partir e estragar-por-estragar. A Inglaterra é dos países líderes económicos com maior taxa de criminalidade (9.8%), estando à frente dos Estados Unidos (8.5%), África do Sul (8.0%), Alemanha (7.6%) e Rússia (2.0%), sendo o segundo pior pais do Mundo em termos de assaltos! E se achavam que Londres seria a pior cidade de Inglaterra em termos de criminalidade estão enganados, crime a carros e assassinatos - Nottingham, violações - Portsmouth, assalto a pessoas - Leicester, roubo - Stockport e Manchester, crime armado - Bradford (agora é que eu quero ver os defensores da opinião de que os emigrantes trazem o crime).

Até parece que é tudo mau por aqui, mas não, os ordenados são muito melhores que os dos portugueses e, apesar do custo de vida extremamente mais caro, compensam. A maioria das pessoas, senão todas, recicla, nem que sejam os pacotes do leite, e a caridade é um hábito de quase todos. As Universidades são das melhores do Mundo (segundo o Times a Universidade Cambridge está em segundo, Oxford em terceiro e Nottingham em 85 no ranking Mundial). Os Museus de Londres são referência para todos os outros outros, ainda por cima as entrada são grátis. Em termos culturais, estão também muito melhor que nós (principalmente em Londres) mas para isso é preciso ter muito no bolso, OK os CDs são mais baratos aqui! Quanto ao café, até se arranja bom café, o do Nero é bom e o do Costa também se bebe.

Em termos profissionais, como é óbvio, foi um grande "improvement", a Universidade de Nottingham é considerada, na minha área trabalho (Crop Science), a melhor do Reino Unido, tanto em investigação como ensino. Na área da Margarida (Food Science) é a segunda melhor. Os meus orientadores são referências a nível Mundial. Por isso, nesse aspecto, estamos bem... Mas também, se assim não fosse o que é que aqui tínhamos vindo fazer?

Isto tudo para dizer o quê? Que estamos bem, e achamos que esta foi a melhor escolha. Eu começo a tolerar isto, a Margarida a gostar qualquer coisa, no entanto daqui a dois anos queremos ir para casa.